Mono ricochete

Porra!
Fui atirado ao chão.
Fui tombado que nem um pinheiro velho.
Sem honra nem respeito.
Ai que tratamento me deram!'
Que figura estou a fazer.
Perdido, humilhado e sem braços para agarrar
qualquer salvação.
Ai que tormento me entregam!?
Para quê salvar o que por aqui anda á
deriva?
Que nem uma garrafa sem mensagem dentro.
Um andaime sem tábuas.
Um aquário sem peixes.
Ai com que sentimento me fizeram!?
Agore que me tento pôr ao menos de joelhos,
levo com um raio feito de uma ganância exibicionista
sem adornos.
Se ao menos pudesse suspender um pouco a gravidade,
atirava-me ao ar.
Ai que pressentimento me entregam!?
Tento caminhar deste fosso comportamental
com ávidos olhares musculados de incerteza.
Entrego-me assim ao conforto plastificado desta
fútil existência.
Vasco Pompaelo*



Hino da virilha


Altamente prejudicado por essa triste
e aberrante mania de desconfiar,
exalto-me.
Sendo assim,
ao pôr a dúvida acima da
certeza a contrariedade opôe-se ao
suor.
Sem surpresa procuro,
recalcado pela ganância, tirar
a vez da minha sorte chegar.
tudo para acabar
a reler o hino do desperdicio
com que
vou deixar escapar,
por entre as falhas da alma,
toda a razão.
Vasco Pompaelo*
Frasco
Vou fechar num frasco sem
abertura essa dignidade rugosa
com que vais fazendo teu périplo.
Depois guardo num lugar qualquer
onde possa admirar com olhos
antroplógicos como se de um
espectáculo se tratassse.
Visivel por todos menos por ti,
perdes a desgraça que és,
que amas,
e que não desistes.
Sabes, para mim,
é gratificante.
Vasco Pompaelo*
Afinal aonde chegámos nós?
Enquanto trancreves esse teu
estado miserável á espera
que tenhamos pena de ti,
ainda mais desprezo temos.
A pena leva á penúria.
Sabes bem que desgraça
vem sempre aos pares.
Ainda há quem não saiba, e
acima de tudo não queira,
acreditar em falsos sentimentos
agarrados a tristes comportamentos.
Não nego que é apenas um reflexo
de uma evolução qualquer
que alguns regozijam-se que
está a acontecer.
Não acredito.
Não consigo ver muitas diferenças
ou evoluções de que nos
possamos orgulhar.
Para a frente estamos andar,
mas o desvio em que mergulhamos
de cabeça pouco faz dos dias de hoje
esta espécie mais evoluida.
Vascom Pompaelo*
Sensivel Mente
Admito-o.
Falta algo na minha existência.
Eu sei.
E rebaixo-me ao negar.
Como vem representada ou que lacuna me cobre,
não sei.
Apenas um fusco facho de luz entrega-me o aviso.
A morte vem de frente e não se desvia
de ninguém.
O tempo além de relativo é escasso.
Quantas hipóteses temos na vida?
A 2ª oportunidade existe?
Existirá a 2ª oportunidade da 2ª oportunidade'
Vivemos de evitar repetir os erros
ou tentar não cometê-los'
Não sei o que está certo.
E eu não sou de certeza.
Quem me dera puder ter duas vidas...
Numa só errava,
na outra só acertava.
E no fim escrevia,
"A vida feliz" e "A vida vulgar."
Mas, que nem um jumento inspirado, percorro de ponta a ponta esta rua
como se um atrofio mental em espiral me levasse aonde este texto começou.
Vasco Pompelo*
Perigo Extremo

Este
desassossego
confortado com
ásperas linguas
clonadas,
leva a que
apressadamente ofuscado,
o encontro de massas que é
feito com suspensas
sensações,
castra-nos.

Por enquanto
aceito.
Admiro.
Mas com uma pálida
força vou engolir
o sentimento e
esquecer o incómodo
desta proscrita felicidade
ao encontrar altivos pólos
de satisfação.

Concretamente, sôfrego,
envolvo facilmente
cáries mentais que
me chegam saboreadas
com uma timidez mentirosa.
Nada mais que a
combinação perfeita
da luta que nos
molda.
Culpado ou não,
agreste será o
futuro,
e tranquilamente
engesso aquilo
que mais dou,
displicência.

Vasco Pompaelo*
Parece que estou
Num barco a remos
Numa lagoa sem margens.

Olho para o calendário
E conto os dias um a um
Num ritmo preocupante.

Quero adiantar o tempo.
Quero pôr o meu corpo
No meu sonho.
Mas só consigo ouvir o eco do meu passado.

V. Pompaelo