Mono ricochete

Porra!
Fui atirado ao chão.
Fui tombado que nem um pinheiro velho.
Sem honra nem respeito.
Ai que tratamento me deram!'
Que figura estou a fazer.
Perdido, humilhado e sem braços para agarrar
qualquer salvação.
Ai que tormento me entregam!?
Para quê salvar o que por aqui anda á
deriva?
Que nem uma garrafa sem mensagem dentro.
Um andaime sem tábuas.
Um aquário sem peixes.
Ai com que sentimento me fizeram!?
Agore que me tento pôr ao menos de joelhos,
levo com um raio feito de uma ganância exibicionista
sem adornos.
Se ao menos pudesse suspender um pouco a gravidade,
atirava-me ao ar.
Ai que pressentimento me entregam!?
Tento caminhar deste fosso comportamental
com ávidos olhares musculados de incerteza.
Entrego-me assim ao conforto plastificado desta
fútil existência.
Vasco Pompaelo*