Sóbrio Racionalismo

Ponte que levas-me
para longe não demores
na escolha do caminho.
Apressa-te a encontrar
o meu rumo,
seja ele justo ou injusto,
de confiança ou duvidoso.
Não me importa.
Desprende-me do que
me mata.
Afasta o que me come
a alma.
Não me deixes
nesta margem sem vida
sem alegria, sem luzes,
sem honestidade.
Um mundo morto e
fechado de qualquer cor.
Neste lado as faces são
belas mas os íntimos
podres.
Estragados.
Aqui morre-se como se vive.
Azedo.
Sofrido.
Egoísta.
Meros poros de sanidade
destoam da paisagem.
Mas foi o que me deram.
Foi o que tive de sentir.
Aquela doença que não
estás á espera.
Aquela vida que nunca
escolhias.
Do mais estragado
que existe.
Vem ponte.
Tira-me daqui.
Alcança-me e dá-me
o que me resta,
um pouco de luz.
Sensações.
Pelo menos acabar
com um sentido,
com uma vida.
Com o que eu quero.