Extracto social

Aplica em ti um aroma suportável.
Não queiras impressionar com alegorias perfumadas a lucidez.
Em disfarce vives sem atenção ao facto de que não se esconde o que está podre.
Nada escapa aos olfactos mais audazes nem às mentes mais capazes.
Depois, apareces com salpicos de jovialidade enganada por cataclismos existênciais.
Por isso a caneta escreve e obedece ao espasmo da mente, confiando em si a habilidade
de fazer descansar a consciência e seus inimigos.
Um emprego de emoções em algo tão íntimo faz cair a sustentação da alma.
Pela culpa causada, agarro-me á lógica.
Só ela me torna capaz de dirigir a seriedade casual.
Aquilo que no fundo nos prejudica mais que beneficia.
Sim, por vezes, o caminho certo é o rumo errado.
Adoro esses encontros de claustrofóbicas necessidades que chocam com a razão
e tornam as nossas acções timidas em armas de ataque.
É tudo uma reacção á inexistência.

Vasco Pompaelo*