A teoria do acaso
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Soletrando a esperança de tórrida depravação social,
andamos flàcidamente em volta de um ninho afectuoso.
Não trocamos por nada visível e limpo tudo que de aqui
trazemos.
É uma pureza que queima aos olhos dos que nos observam
com um desprezo egoísta e indisfarçadamente invejoso.
Não queremos viver melhor, apenas mais, mais em divina
dedicação à nossa essência.
De bem com as raizes que nos dão imaginação.
Sem aquela camada que cobre a alma e a pele e que fomenta
o vosso pior cancro. O existêncial.
Aqui não se pensa , busca-se.
Aqui não se inventa, vive-se.
Por aqui não se escava, desenterra-se.
Não queremos sentir, queremos magoar.
Vivemos uma lúcidez abrangente e ao ritmo da vossa mais forte
alucinação.
Não temos filosofia nem psicologia, temos o dia a dia com uma
fome de pantomina.
Não somos a grande fonte nem o dentífrico perfeito,
não somos a força astral nem o canto xamãnico,
simplesmente vivemos...
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Vasco Pompaelo*