Dildo Humano

Empunho uma arma que
não sei no que vai dar.
Um tiro no escuro num
silêncio perturbador,
que não dorme na luta
de tratar-te bem.
Dá-me a flor que eu
rego com todo meu sangue.
Não estragues aquilo que
tenho.
Dá uma hipótese a ti
mesma na insegurança do teu
coração.
Não te assustes ou tenhas
medo,
pois eu vim para ficar.
Eu quero de ti o que tu
queres de mim.
Nós.
Aquilo que sou é
o melhor de mim.
Não podes querer
aqulio que não podes
ter.
Amo-te muito,
mas assim não
vai dar.

Vasco Pompaelo*


Código da vida

Lugar encantador,
magia cortante.
Fome de descobrir,
com a dúvida de acto.

Em busca do amor
com azia constante.
Não saber onde ir,
com sentimento abstracto.

Faço o melhor,
de tudo que o posso.
com a insegurança,
de quem não tem o que quer.

Assim como Dior,
visto o que é nosso.
Ao som de uma dança,
de quem nunca vai ter,
                 esta mulher.

Vasco Pompaelo*

Martirio juncoso

Enquanto o balanço
toca a nossa depressão,
visto uma pele de
tirano sob efeito
de um contentamento
lascado de
honestidade.
Abraço a nuvem de
sacrificio que impede
a verdadeira fonte de
um amor qualquer
dentro de ti que
me espera.
Da lógica ao
insulto demoramos
o tempo que nos
pôs a delirar um
pelo outro naquela
dança de folia rústica.
Banhados num rio
de afrontamentos
glaciares,
entramos por uma
bruma escura
em que do seu fim
só temos a certeza
de que muito não
vai demorar.

Vasco Pompaelo*

Montra judicial

Deixa-me irritar-te
como só eu sei.
Criar aquela áspera
sensação de que só
queres o meu mal.
Gotas de raiva como
uma chuva de verão
que acaba por saber
bem.
Quero aquela expressão
de desprezo como
se o mundo me
odiasse.
Vivo a instabilidade em beijos
caóticos de julgamentos
precoces da sanidade
clonada que adquiri.

Vasco Pompaelo*
Preocupa-te com o que fazes
Não imponhas o que achas
Acaba apenas o que começas
Porque só assim ou vai ou racha
Não me canses com histórias
Do vigário e da lírica
Não dizes nada de jeito
Nem a verdade mais cínica
Qualidade de postura só reina
Numa lógica de acção
Com base e apoio
Na séria e coerente aplicação.

Vasco Pompaelo*
Sou apenas um bode expiatório
de um clã de escrotos.
Cercados por gente sem honra
ou dignidade.
Uma vida regulada por uma cobardia
qune os cobre como um manto de inverno.
Só que este não aquece.
Apenas gela qualquer réstia de humildade.
Fá-los caminhar nesta vida como quem caminha
em andas,
sem tocar no chão.
Um rumo imprório para o mais básico consumo.
Assim se torna fácil e confortável.
Um esconder uma obesidade egoísta em viver.
Eu, encaro isso com aquela satisfação disfarçada
de raiva.
Apenas mostram aquilo de que são feitos.

Vasco Pompaelo*

Óptica

Apalpo, trinco;

Arranho, sinto;

Envolvo, absorvo;

Expiro, vicío;

Consumo, converto;

Inspiro, transformo;

Produzo, dá medo;

Olho, assusto;

Injecto, remendo;

Descubro, prometo;

Enfio, transbordo;

Escrevo, castigo;

Invento, descubro;

Atrai-o, encubro;

Experimento, destruo;

Pesquiso, influo;

Observo, concluo;

Extraio, apuro.

Vasco Pampaelo*

O meu barrote

O meu barrote.
O meu barrote fazia de ti
um farfote.

O meu barrote.
O meu barrote tem azia
quando não lhe abres o pacote.

O meu barrote.
O meu barrote faz-te bem
como beber superbock.

O meu barrote.
O meu barrote fazia de ti
uma ninfa e guardava em stock.

O meu barrote.
O meu barrote fala chinês como
como morse ao som do toque.

O meu barrote.
O meu barrote também fala inglês e diz:
Hello my name is Cock!

O meu barrote.
O meu barrote vibrava contigo como
uma corda ao ritmo de rock.

O meu barrote.
O meu barrote dividia-te em quadrados
e vendia-te ao lote.

O meu barrote.

Vasco Pompaelo*

Incondicional mente

Apanágio de um momento
No qual eu nem me sento
Com o cú dorido deste assento
No qual não caibo nem aguento

Tem o teu cheiro e o teu suor
Dessa rata que nunca viu calor
Nem nunca sentiu o ardor
De um bargalho cheio de fervor

Disparas o sim e não não
Como uma formiga vê um anão
Que nem uma lima sente o pilão
Como o comboio quando chega á estação

Peito para fora
Barriga para dentro
Rabo para fora
Guiada por esse cérebro de jumento

Por favor não pares agora
Que eu não mais aguento
Mal vejo eu a hora
De to meter lá dentro

Vasco Pompaelo*

Colagem de um ser

Qual culpa? Qual falta?
Qual distância? Qual solução?
Entupido e preso por uma
fraqueza qua não é minha.
Enevoado, acizentado,
Tropeço na minha felicidade
ao querer fugir do tédio
da tua companhia.
Essa cobardia tem apenas
um caminho e só tu
o conduzes.
Tu és a causa da tua
consequência.
Vives num turbilhão que sabes
não ser positivo.
Não ser o sangue que te
devia correr nas veias.
E enfim, parece que desististe
de viver,
de ser feliz,
de dar.
Apenas não culpes os outros por isso.

Vasco Pompaelo*

Carne

Brinda com toda
a calma de um
passo certo.
Colocado num impasse,
tens de construir uma
fome para estocar esses
focos de crustácios
que te cercam.
Aplica o melhor de ti.
Aplica-te a destruir
qualquer ameaça á
tua sobrevivência.

Vasco Pompaelo*

Biscuit

Deixa-me encostar
ao teu umbigo

Como se fosse mais
um ferido

Imploro-te pelo
bravo castigo

Aquele que merece
o real bandido

Agarro-me a ti
como banal amigo

Arrastando para trás
teu sopro contido

Quero o teu voar
e ir contigo

Para te salvar
do fatal sentido

Vasco Pompaelo*