Celuço

Enquanto vivo, a estrada muda
Nada mais fica, nada perdura.
Mas algo me segue, me dá pistas,
Pois com esta arma persigo artistas.

Rastejo a escarpa do monte negro
Aguardando a chegada ao degredo.
Visto a honra e a farda lírica
Pois sei bem onde vai esta bela satírica.

Aperto o coração com uma força bruta
Pois daqui já não sai o filho da puta.
Consciente ou não apago as memórias agradáveis
Não faço mais disto passos indesejáveis.

De pé, aplaudindo a parada
Faço de mim, ao espelho, uma fada
Sem milagres, luxos ou efeitos
Arranco pela raíz todos os preconceitos.

Vasco Pompaelo*