Disparo

Odeio-vos. Quero-vos mal.
Não estou totalmente indiferente a voçês.
Quero que sofram.
Merecem rastejar sem saber para onde.
No meio da lama e do caos.
Respiram merda. Expiram podridão.
Seres minúsculos com antenas de ignorância.
Conspiradores de actos tristes.Repugnantes.
Definitivamente inferiores.
Arraso a minha calma e senso só de pensar na vossa existência.
Moralistas. Hipócritas.
Exemplo máximo de um povo,
de uma maneira de estar.
Corrompidos pela desgraça iludem-se com estatutos.
Salvaguardam os corpos e réstias de alma
com rituais dominicais enganadores.
Mas não estão sós,
há mais exemplares dessa vossa espécie mesquinha,
consumindo agentes poluidores mentais.
E não se cansam.
Dependentes de uma independência lirica.
No bilhete de identidade os anos passam.
Mas na cabeça cada vez mais escassam.
Protegem-se.
É normal.
Mesmo na desgraça não querem estar
sozinhos.
Pois, como devem saber,
De mim,
já só verão a sola do meu sapato.

Vasco Pompaelo*