Camaleão Sanguessuga

Entre uma porta de entrada
venenosa e uma saida
suicida,
hesito sobre a escapatoria
possivel.
Nunca o absoluto esteve tão
perto do abismo.
Acrostados como lapas a uma
rocha,
assim vivem, assim respiram.
Assim te tratam, assim se
alimentam.
Impunes à vida.
Impunes à morte.
Sentenciam nosso quotidiano da mesma
forma que anulam o pròprio.
O meu caminho torna-se
sombreado pela presença
de tal animal.
De proporções aberrantes de
estùpidez, trazem sabor amargo
à minha vida.
Tudo tem um limite.
tudo tem de ter um limite.

Vasco Pompaelo*


Mais um momento na vida
em que nada quero.
Mais uma pedra na mente ofuscada.
Uma vontade forte de tomar
uma atitude violenta.
Não posso mais ter esta
passividade.
Este comportamento que vem de tràs
orgulha-me mas prejudica-me,
grave.
Concluo que não tenho receitas
para esta ementa.
Não tenho ingredientes para
este prato.
Não sou o chefe deste restaurante.
Não quero pagar a conta.

Vasco Pompaelo*
Aponto ao meio,
calculo a estratégia,
sinto o impulso,
quebro a tradição.

Impressiono o òbvio,
contento o vulgar,
atinjo o epìlogo,
do caminho vulgar.

Sò para me sentir bem,
aliviado e capaz.

Vasco Pompaelo*

Ilimitado albergue

Lanças esse cabelo no ar
na esperança de um dia voltar
a classe que em ti nunca soube morar,
por isso gentilmente te vou analizar.

Transportas o lixo de uma legião,
uma mente morta e sem contracção.
Afogando tua vida numa pia de ilusão
acabas com a lingua de fora como um cão.

E eu empenhado em ser alguém
com força e amor ao fazer-te bem.
Mas parece afinal que não vou sem
a falsa promessa de evitar o desdém.

Que preciosa atitude de enfraquecer
quem nada te deve ou ama sequer.
Assim a historia é contada para ver
o traste que respira e sai do teu ser.

Vaso Pompaelo*
Clonado de um ser que não o meu.
Não o verdadeiro.
Estado de construção social plastificado.

Vasco Pompaelo*

Espantalho Social

Sigo a continuação desta tortura social
em nome de uma mudança falsa.
Para a satisfação de um ego que não o meu.
Mais um punhal enfiado nas minhas costas.
Não posso mais não ser eu.
Não quero mais não puder ser eu.
Cheguei ao fim do meu limite para aguentar
esta situação onde no fundo eu me coloquei.
Me deixei.
E impossivel viver assim.
Isto é o principio do fim.
Isto é o começo da minha caminhada para onde?
Para quê?
Para um estado de aborrecimento?
Mas em que consiste uma vida alegre?
Em ser pressionado por alguém?
Em ser controlado por caprichos?
Um espantalho social...

Vasco Pompaelo*
Aguardo por uma nova
vaga de sensação que me
que reforça a saliva da vida.
Estou seco de vontade
e vago de ideias.
Mas isto tem de acabar.
Isto tem de recomeçar.
Esta placa comportamental que
me estagna a vida,
castra toda a menstruaçã
existêncial que mereço e que
devo a mim mesmo.
Estou em modo desperdicio.
Sinto-me podre até às entranhas.

Vasco Pompaelo*

1995

Faca de gume
leproso ameaça o
estrangulamento do
palhaço.
Gordo, anafado,
de olhos grandes.
e postura assustado.
A chave da saída
ao alcance mas
intocável.
Uma paixão
dolorosa.
Macabra.
Sádica.
Sem espaço para
abstracção mental.
Alimentado por
finos lanços de
vazio.
Para encher um
vago prostáctico
comportamento asfixiante.
Estrangulante.
Congelante.
Uma cintura
basculante
que crava
cornos de maldade.

Vasco Pompaelo*
Concluindo.
Apenas não quero
perder mais tempo.
Psicose masoquisto-denegrante.
Obrigações morais.
Gostos sociais.
Não tenho.
Abdico de certos julgamentos.
Não fazem parte da minha vida.
Cavalgo meio perdido
mas seguro.
De mim.

Vasco Pompaelo*
Vou marinar-te no sumo
do meu líbido.
Deixo-te repousar e absorver
uma sede de me violar
incessantemente.
Sem questionar ou mesmo hesitar
na liceração do membro central.
Confinado a esta doença que adoro,
partilho a alegria de sustentar
o impulso.

Vasco Pompaelo*

Definitivamente

Já decidi.
Já compreendi.
Não quero isto para o resto
da minha vida.
Disso estou certo.
Sou um espirrito que precisa
de liberdade.
Não tenho capacidade para ser feliz
e ter uma vida onde me sinto asfixiado.
Não me sinto feliz e
duvido que alguma vez o vá verdadeiramente
ser aqui.
A falta de um egoísto produtivo
aliado a um espírito destrutivo
arruina-me.
Quando se escolhe uma
vida a partilhar é
uma opção feita para
ganhar.
Não para perder.
Não tenho certas qualidades.
Mas também não quero mais defeitos.
Aplico quase tudo que posso,
quase tudo que quero,
mas não consigo.
Não consigo ser nem fazer-te feliz.
E no meio disto tudo nem consigo perceber
o que tu queres.
Não quero abusar.
Apenas disfrutar.
Nunca renegar.
Calmamente partilhar.

Vasco Pompaelo*
Egoísmo proscrito
de qualquer motivação construtiva.
depravado até na maneira
que cobre a lógica.
Que belo sadismo cultural
ataca estes piratas sensoriais.
Concluo que é assim que queres viver.
Imagino que é assim que vais morrer.

Vasco Pompaelo*

Chique

A vontade de partir-te o focinho
é enorme.
Não só pelo teu ar de hippie
urbano de merda,
mas também
pela tua atitude e comportamento
de delinquente social.
Esse comportamento baseado no
mais podre estado humano,
o egoísmo.
Não queres saber dos outros
e julgas-te liberal e
independente.
És um tadito.
És um rato sem veneno.
sem força para ter um
comportamento digno
do ar que respiras.
Devias comer merda
e pisar vidro.
Tenho não só desprezo,
como ódio a gente como tú.
Incomodas-me um pouco,
mas fazes de mim
um vencedor.
Estou muito mais acima do que tú.
Eu sim sei estar neste mundo.
Eu sim vivo em comunidade.
Eu sim tenho essência humana e intelectual.
Não, não sou um espantalho social.
Tenho muito a ensinar-te.
Tenho muito a penetenciar-te.
Não, não perdou-o.
Não tenho em mim esse comportamento
humano de solidariedade.
Nao perdou-o.
Não quero perdão pelo que faço.
Quero pagar por meus erros e
com eles mudar.
Só assim evoluo.
O perdão só faz com que te
sintas bem com o erro.
E não evitá-lo.
O perdão é podre.
Como tu.
Saído de uma toca social,
julgas-te alguém.
Formação técnica, imagem fina.
Para unicamente cobrir o esterco
que sustenta o teu corpo.
Julgas-te moderno mas só o serás
quando morreres.
Mas aí já será tarde.
Apenas uma passagem fútil
como assim a levaste.
Dás-me asco.
Tenho vontade de te pisar forte.
Mas comigo assim será.
O poder da mente teu vulto superará!

Vasco Pompaelo*


A pensar em ti




Aprendi.
Aprendi que nada me pode
ensinra a suportar a palermice.
Claro que todos somos um pouco
palermas uns para os outros.
Mas que fique claro,
há uns mais palermas que outros.
E os piores são aqueles que não
se reconhecem como tal.
Do piorio.
Perigoso até.
Mas cá estarei eu com a minha
faceta palerma de pseudo moralista
para fazê-los ver e não se esquecerem
que não passam de uma cambada
de palermas.
Para um palerma um palerma e meio.
Mas atenção, eu sou palerma por
retaliação.
Não por iniciativa ou vocação.
Sou-o porque quero e até o vejo
obrigatório.
Uma palermice requintada até.
Fina.
Classe.
Ah!! Já chega!!
Estou cansado de tanta palermice.

Vasco Pompaelo*

Pluralismo solar

Quero penetrar-te.
Forte.
Fundo.
Duro.
Quero olhar bem nos teus olhos
enquanto o meu sexo escava profundo
a tua alma.
Quero ver as tuas pupílas a saltar.
A respiração a atropelar  o gemido.
Ver a tua cara de doce sofrimento.
E depois viro-te.
Quero cuspir nas tuas costas
e ver-te a gritar.
Ponho-te na minha posição preferida.
Como uma cadela ( que és).
Sabes bem o fascínio que tenho pelo
teu corpo e pela tua postura sem limites.
Sei que gostas e que queres
muito mais.
Eu dou-te.
Estou aqui para isso.
Satisfaço as minhas manias com
as tuas taras.
Agora puxo-te os cabelos até guinchares.
Sinto o cheiro do teu pescoço com
o meu suor sulfúrico.
Quero deixar-te com marcas profundas.
Não podes esquecer o que te dou e o que tiras de mim.
Não vais ficar em vão...

Vasco Pompaelo*
Aplico aquilo que mais gosto.
Farpas sensoriais profundas.
Um género de choque eléctrico
que penetra forte na tua
frágil alma susceptivel
á menor contrariedade.
Não tiro prazer mas sinto-me
na obrigação de fazê-lo.
Apenas para satisfazer
um podre sentido moralista
que ainda vive em mim.

Cadáver sorridente




Foi com forte pulsação que me
empurraram contra a parede festiva.
Um preço caro a pagar por uma
necessidade vital de embarcar em
aventuras pro-estácticas.
Eu preciso deste momento de asfixia de
carácter.
Sou um mineiro que vai fundo
até no seu sofrimento.
Estranho esse desejo que me salta
das veias aos poucos e lança uma
paralesia de sentimentos.
Não quero e não vou nunca
abandonar a minha maior virtude.
O masoquismo.
É por ai que respiro toda a depressão
que sempre me guiou.
Uma busca incessante de trovoada.
Não sei viver com outra coisa.
Não posso.
Não quero.
Não sigo uma estrela como rei mago,
mas persigo uma luz que apaga todas
as minhas necessidades.
E não são poucas.
Apenas estranhas.
Só sei que quero ser um cadáver sorridente.

Vasco Pompaelo*

Anatomia de rei

Estou num plano sulfúrico
que submete para uma
altiva podridão.
Reflectida na débil
imposição moral de
um tipo de napoleão
embalado por um jumento.
Na sua doce e fina indumentária
de menino urbano moderno,
passeia esse napoleão uma
crista mais similar a
plasticina flácida expirada.

Vasco Pompaelo*