Até chega a ter uma sonoridade
podre.
Artista. Que palavra tão
ambígua.
Que significado tão falso.
Que imagem corroída.
Quase vergonhoso esse rótulo.
Sem grande vontade de alusão
a uma definição que de tão
abrangente chega a ser assustadora.
Sem falsas modestas
ignoro o seu significado
e repudio a sua conotação.
Quem é o verdadeiro artista?
Como é o verdadeiro artista?
O que é um verdadeiro artista?
Melhor ainda,
o que esperar de um
verdadeiro
artista?
Vasco Pompaleo*
Antípoda

Arranja uma cama que te ame
Procura no vago o leito para pousar
Não fiques orfão de qualquer madame
Pois na vida só uma vez sabes amar
No tropeço da aventura finges gostar
Do seco trago da vida amarga
Porque não vês o que podes tocar
Nessa cegueira de uma luta mal amada
Com tiques de sobrevivência alarmados
Implicas com o sabor do luxo falso
Enquanto te pões no cabide dos teus fados
Entras pacificamente no purgatório do cadafalso
Por isso flacidamente tomas a pose
De cavaleiro de mente simples e castrada
Quando sorrindo o mundo inteiro se cose
Para disfarçar a tua presença inflamada
Vasco Pompaelo*
Sóbrio Racionalismo
Ponte que levas-me
para longe não demores
na escolha do caminho.
Apressa-te a encontrar
o meu rumo,
seja ele justo ou injusto,
de confiança ou duvidoso.
Não me importa.
Desprende-me do que
me mata.
Afasta o que me come
a alma.
Não me deixes
nesta margem sem vida
sem alegria, sem luzes,
sem honestidade.
Um mundo morto e
fechado de qualquer cor.
Neste lado as faces são
belas mas os íntimos
podres.
Estragados.
Aqui morre-se como se vive.
Azedo.
Sofrido.
Egoísta.
Meros poros de sanidade
destoam da paisagem.
Mas foi o que me deram.
Foi o que tive de sentir.
Aquela doença que não
estás á espera.
Aquela vida que nunca
escolhias.
Do mais estragado
que existe.
Vem ponte.
Tira-me daqui.
Alcança-me e dá-me
o que me resta,
um pouco de luz.
Sensações.
Pelo menos acabar
com um sentido,
com uma vida.
Com o que eu quero.
para longe não demores
na escolha do caminho.
Apressa-te a encontrar
o meu rumo,
seja ele justo ou injusto,
de confiança ou duvidoso.
Não me importa.
Desprende-me do que
me mata.
Afasta o que me come
a alma.
Não me deixes
nesta margem sem vida
sem alegria, sem luzes,
sem honestidade.
Um mundo morto e
fechado de qualquer cor.
Neste lado as faces são
belas mas os íntimos
podres.
Estragados.
Aqui morre-se como se vive.
Azedo.
Sofrido.
Egoísta.
Meros poros de sanidade
destoam da paisagem.
Mas foi o que me deram.
Foi o que tive de sentir.
Aquela doença que não
estás á espera.
Aquela vida que nunca
escolhias.
Do mais estragado
que existe.
Vem ponte.
Tira-me daqui.
Alcança-me e dá-me
o que me resta,
um pouco de luz.
Sensações.
Pelo menos acabar
com um sentido,
com uma vida.
Com o que eu quero.
Hipocrilândia
Lugar de saudosismo vergonhoso este.
Habitado que nem um reino por seres
cegos de qualquer capacidade didática.
Aqui flutua-se pelo ar como
anjos numa missa,
invisivèis e sem nos conseguirem tocar.
Constantes declamações de aclamações.
Periódicos gritos por um cancro que
mata aos poucos.
É uma disparidade asquerosa que faz o
rumo desta vida.
Que comanda este sonho de criança
e deturpa qualquer lógica.
Vasco Pompaelo*
Habitado que nem um reino por seres
cegos de qualquer capacidade didática.
Aqui flutua-se pelo ar como
anjos numa missa,
invisivèis e sem nos conseguirem tocar.
Constantes declamações de aclamações.
Periódicos gritos por um cancro que
mata aos poucos.
É uma disparidade asquerosa que faz o
rumo desta vida.
Que comanda este sonho de criança
e deturpa qualquer lógica.
Vasco Pompaelo*
É triste.
É triste.
A incapacidade de
se enxergarem
dos que me rodeiam é
impressionante.
O egoísmo social é
quase criminoso.
Cruel.
Apenas avaliam o que
dão e nunca o que lhes
foi dado.
Parecem todos filhos
únicos de um pai
galinha.
Acusam os outros de pedir
mas nunca
se lembram de
quando abusam.
Flutuam na vida como
se fossem anjos
divinos e perfeitos.
Mas isso acaba por ser
natural
e eu sou obrigado
a aceitar isso.
Senão,
era igual
a eles.
Um triste.
Vasco Pompaelo*
Sangue vertido
Perguntavam-me ontem
se me tinha
arrependido.
Haha! Nunca.
Não me posso
arrepender do que
fiz.
Apenas do que não fiz.
O arrependimento é algo
perigoso e viciante.
Tira algo de nós em
lugar de nos preencher.
Se algo fiz de
mal, não me
arrependo.
Apenas evito
ir por aí outra
vez.
Há uma paz
de espirito que não
podemos abandonar.
E ela nasce vivendo.
Experimentando.
Testando nós mesmos
e nosso limites.
Eu apenas tenho medo que
os meus dias aqui não
sejam suficientes e longos
para
partir
em paz.
Vasco Pompaelo*
Ambiente Estreito
E lá se conseguiu chegar
tal enfadonho e lúcido
comportamento.
Onde as horas passam mas
os anos ficam.
Onde tudo brilha mas só
aos olhos do cego.
Aquilo que se ouve só
tem ritmo para poucos.
Não brota nada que
valha a pena.
É uma roldana que samba
com um vento frio e
empurra para trás algo
muito simples,
o auto-reconhecimento
assumido.
Vasco Pompaelo*
Ali na dor
Vive o amor
.
Em ti me sinto bem
No teu rasto vou além
A tua pele dá-me amor
No reflexo da minha dor
.
Tudo que em ti vejo
É mais que um simples beijo
O teu toque me faz chegar
Ao único lugar onde sei amar
.
Um simples sopro de ti
Brota em mim o que não vivi
Espero ao menos não deixar
Fugir a chance de te amar
.
Quando estás longe de mim
Custa-me não saber o fim
Prometo apenas assim que reclames
Fazer tudo para que me ames
.
Vasco Pompaelo*
Ventos de paixão
.Não me importa caminhar no fogo
Mas só se for o teu.
Não tenhas medo do desafogo
Mas aceita este só meu.
Não vejas a minha sã fraqueza
De te querer só para mim.
Procura nesta vontade ilesa
Uma honestidade sem fim.
Aplica no teu coração
A mais simples espada real.
Está tudo na tua mão
Elevares ao céu este meu mal.
Apressa-te apenas a ver
De que é feito este estado.
Pois os dois podemos perder
O que um ao outro podiamos ter dado.
.
Vasco Pompaelo*
A teoria do acaso
.
Soletrando a esperança de tórrida depravação social,
andamos flàcidamente em volta de um ninho afectuoso.
Não trocamos por nada visível e limpo tudo que de aqui
trazemos.
É uma pureza que queima aos olhos dos que nos observam
com um desprezo egoísta e indisfarçadamente invejoso.
Não queremos viver melhor, apenas mais, mais em divina
dedicação à nossa essência.
De bem com as raizes que nos dão imaginação.
Sem aquela camada que cobre a alma e a pele e que fomenta
o vosso pior cancro. O existêncial.
Aqui não se pensa , busca-se.
Aqui não se inventa, vive-se.
Por aqui não se escava, desenterra-se.
Não queremos sentir, queremos magoar.
Vivemos uma lúcidez abrangente e ao ritmo da vossa mais forte
alucinação.
Não temos filosofia nem psicologia, temos o dia a dia com uma
fome de pantomina.
Não somos a grande fonte nem o dentífrico perfeito,
não somos a força astral nem o canto xamãnico,
simplesmente vivemos...
.
Vasco Pompaelo*
Hoje é daqueles dias que gostava
de estar conscientemente inconsciente.
Assim de uma forma um pouco perdida
ao mesmo tempo que encontro a solução.
Quero sangrar sem me cortar,
mas sentir a dor para poder
curar.
Sou contra paralelismos, prefiro contrariedades.
A perfeição não cria nada.
Apenas destrói a natureza do
comportamento.
Um monte de castrados racionais,
cheios de plumas morais aonde se
opõe o essencial. A perversidade.
Que nem uma pulga canonizada,
procuro o cão que me leve deste
pântano fantasmagórico.
Até à minha perdição.
Até à nossa conclusão.
Até parar de dizer não.
de estar conscientemente inconsciente.
Assim de uma forma um pouco perdida
ao mesmo tempo que encontro a solução.
Quero sangrar sem me cortar,
mas sentir a dor para poder
curar.
Sou contra paralelismos, prefiro contrariedades.
A perfeição não cria nada.
Apenas destrói a natureza do
comportamento.
Um monte de castrados racionais,
cheios de plumas morais aonde se
opõe o essencial. A perversidade.
Que nem uma pulga canonizada,
procuro o cão que me leve deste
pântano fantasmagórico.
Até à minha perdição.
Até à nossa conclusão.
Até parar de dizer não.
Pós de forma
.
Em estado atónito,
quase póstumo,
costuro as fendas
num ávido esforço
de consciência.
É tudo que me
alimenta.
Uma trépida faúlha em
luta com uma vibração
constante de estática
residual.
Sem qualquer flacidez
de mórbidas posturas
que nem sempre se
devem evitar.
O escuro torna-se
um lugar iluminado
para a minha alma.
Uma outra porta para
as questões épicas
que se fazem á nossa
triste ética da medula.
Tudo que se põe em causa
é nossa vida,
e é lindo.
.
Vasco Pompaelo*
Caucasiano Esquálido
Virei arqueólogo de uma vida mórbida,
sem portas ou janelas para poder
acenar a alguém.
Uma sensação de podre proscrito faz
deste dia uma eternidade.
O que procuro não encontro.
O que me satisfaz não funciona.
Olho para dentro de mim e os meus orgãos
suplicam por uma rajada que limpe
esta névoa entranhada.
Que contraste é este?
Que traste é este?
Apetece-me afogar toda a minha razão e lógica
até que nada sobre.
Vasco Pompaelo*
sem portas ou janelas para poder
acenar a alguém.
Uma sensação de podre proscrito faz
deste dia uma eternidade.
O que procuro não encontro.
O que me satisfaz não funciona.
Olho para dentro de mim e os meus orgãos
suplicam por uma rajada que limpe
esta névoa entranhada.
Que contraste é este?
Que traste é este?
Apetece-me afogar toda a minha razão e lógica
até que nada sobre.
Vasco Pompaelo*
Um dia
Encontro-me calado sem qualquer tipo de força ou voz sequer para pôr em causa uma dúvida tão simples. Que situação tão branca de fugas. Tão colorida de questões sem resposta. A começar pela calma de acção que rege o que eu vejo. Nem algo com asas pode fazer tamanho milagre. Enviar-te de volta para a gruta de onde nunca devias ter saido. Estragas quem te acompanha. Magoas quem te observa. Desaprendes o que nunca te soubeste. Fatidico este local. Musguento de virtuosismo. Virgem de sentidos. Opaco de lógica. Castrado de masturbações mentais. O idiota permanece lentamente profanado. Mas longe de um fim se encontra o desaguar do motivo da ambição de claridade que as trevas que tanto ama e necessita lhe hão-de dar um dia.
Vasco Pompaelo*
Vasco Pompaelo*
E consoante a próxima fase
a peça cresce e absorve.
Das mãos de quem funde tal força
vem algo mais que pujança.
Tranquilidade mórbida
costura os berros e
apraza-os.
A dor é memorável.
Angélica até.
Sacrificios calorosos nem sempre apagam
a fenda,
de tão profunda que se tornou.
Abstrai-se de tudo que fomenta.
É mais um fascinio deturpado da
prensa que nos afasta a todos.
Nem em pensamento,
nem em profanas posturas.
Não é qualquer gosto que dá sentido.
Tudo é estranho.
Todos estranham.
Mas dentro deste pote gigante
confia no teu arrependimento.
Sempre nos temos um ao outro.
Vasco Pompaleo*
a peça cresce e absorve.
Das mãos de quem funde tal força
vem algo mais que pujança.
Tranquilidade mórbida
costura os berros e
apraza-os.
A dor é memorável.
Angélica até.
Sacrificios calorosos nem sempre apagam
a fenda,
de tão profunda que se tornou.
Abstrai-se de tudo que fomenta.
É mais um fascinio deturpado da
prensa que nos afasta a todos.
Nem em pensamento,
nem em profanas posturas.
Não é qualquer gosto que dá sentido.
Tudo é estranho.
Todos estranham.
Mas dentro deste pote gigante
confia no teu arrependimento.
Sempre nos temos um ao outro.
Vasco Pompaleo*

Circunlóquio Idiota
Vem,
trata disto como se um doente fosse.
De uma praga se tratasse.
Mas não desistas.
Não abandones.
Só teu corpo pode sanar tal martírio.
Sim, só tu.
Mais ninguém.
Isto não é uma necessidade minha.
É uma obrigação tua.
Porque achas que te imploro?
Quem me viciou neste teu lado fértil?
Tua propaganda arrasta-me o senso e o corpo.
Como se alma e carne fossem um só.
Criaste em mim uma crosta
que me protege de qualquer sentido moral.
A tal moral que me faz mal.
Por isso te agradeço.
Por isso te peço.
Não mudes.
Não pares.
Não me abandones, pois tenho medo de deixar fugir
de mim os prazeres únicos que me dás.
Sem ti não sei viver.
Sem ti não quero morrer.
Lembra-te de mim mesmo no mais longínquo lugar da tua mente.
Até no teu dia mais cinzento.
Não quero mais de ti,
apenas que estejas aí sempre, para mim.
apenas que estejas aí sempre, para mim.
.
Vasco Pompaleo*
Sinto-me desencontrado com
com aquilo que mais busco.
Procuro o desejo de querer
atrás de cada ambição,
nestes momentos em que a
insatisfação me apodera e
regula minha acção.
Ter-me ei
transformado num clone
de todos os meus desgostos?
Ou será que não passa
apenas de uma variação estrutural
da minha desgraça?
Quantas opções me são dadas
ao chegar a tal
movimento desconcertado?
Serão suficientes para me
levar a responder a todas
insuficiências do meu ser?
Algures, alguém, alguma vez
hei-de saber,
seja aonde, seja quem ou seja
quando,
pelo menos na minha morte
espero encontrar o porquê.
.
Vasco Pompaelo*
com aquilo que mais busco.
Procuro o desejo de querer
atrás de cada ambição,
nestes momentos em que a
insatisfação me apodera e
regula minha acção.
Ter-me ei
transformado num clone
de todos os meus desgostos?
Ou será que não passa
apenas de uma variação estrutural
da minha desgraça?
Quantas opções me são dadas
ao chegar a tal
movimento desconcertado?
Serão suficientes para me
levar a responder a todas
insuficiências do meu ser?
Algures, alguém, alguma vez
hei-de saber,
seja aonde, seja quem ou seja
quando,
pelo menos na minha morte
espero encontrar o porquê.
.
Vasco Pompaelo*
Simplicidade
.
Confiante num estádio mais
avançado, aposto tudo
na claridade da tua presença.
Com razão ou sem ela, espero
que faças por mim aquilo que
não fiz por ti.
Desprezar minha ignorãncia.
Amar minha confiança.
Não podes reduzir a grãos este
volume de atenção que para ti
fiz nascer.
Do nada.
Sempre a confiar no que de
duvidoso me dás,
espero tornar capaz de verter
o teu limite.
Pois sem ele acabamos secos
de emoções,
e vazios de acções.
Não procuro em ti a resposta
para a vida , mas sei que
ao teu lado encontro algum
sentido para apagar o que não
quero.
Que mais me poderás
dar, sendo tu,
um simples copo de cerveja.
.
Vasco Pompaelo*

Caminho sem retorno
E lá caminha ele por tal curso assustador, perigoso até,
E lá caminha ele por tal curso assustador, perigoso até,
mas quanto maior o risco menor o tédio.
Ele não suporta tédio.
Nem aquele feito de sentidos apurados e atitudes exasperadas.
O sinuoso compensa a falta de motivação.
Porque na vida ele acredita que nunca saberemos o que queremos honestamente.
Apenas um breve rumo nos guia, mas nunca nos diz porque lá estamos.
Até porque complicado deve ser aquele segundo após se morrer.
O verdadeiro espectáculo cénico nunca antes produzido.
A única e verdadeira incógnita da vida.
Seja chuva ou sol, vento ou brisa, ele quer sentir.
Desinteressado pode parecer, mas nao se julgue errado,
assim são feitas as colossais descobertas deste ser que aqui anda.
O ser ser humano.
Sim, porque apesar de virmos todos do mesmo sítio, para o mesmo destino não caminhamos.Mas e que bagagem carrega ele?
Sim, porque apesar de virmos todos do mesmo sítio, para o mesmo destino não caminhamos.Mas e que bagagem carrega ele?
A dos erros e das tramas.
A da honestidade e do impulso.
A falsa.
A verdadeira.
A minha.
A tua.
Talvez até a nossa.
Sáo coisas que não se vêm.
Coisas que não se apagam.
A vida.
Tão nossa.
Tão íntima.
A única coisa que realmente está na nossa posse.
Ele não anda triste, apenas desapontado.
Mas não o consome.
Não tem tempo, disposição ou sequer vontade.
Mas o protagonismo que toda essa vivência lhe proporciona fá-lo desconfiar.
Como pode ele ser rei sem reino?
Cavaleiro sem cavalo?
Um ser sem ar?
Por isso, assim, ele vai matar.
Matar-se.
Vasco Pompaelo*
Vasco Pompaelo*
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